sexta-feira, 19 de junho de 2009

Breve Retorno do Cavaleiro


O desembainhar rápido da espada
O movimento preciso da lâmina
Os escudos e as flechas incrustadas em corpos mortos
Uma planície desolada que deixei para trás
A aventura solitária em que me joguei para esquecer.

Um dragão por dia, uma noite a mais em claro
Batalhas súbitas sem motivo algum
As barreiras caem e as muralhas ruem,
Eu vou junto sem perspectiva.

Destruindo as mais temíveis bestas
Mas levando comigo a mais aterrorizante fera
Trazendo no peito a maldição incurável,
Que nenhum furor de guerra pode fazer esquecer.

Levanta-se mais um batalhão na minha frente
Destruo os inimigo sem piedade,
Mas a consciência me persegue quando relembro meus erros
Já não vale nada esta peregrinação exaustiva
Para esquecer do passado desta vida.

Retorno, vejo o castelo do alto da colina
Tiro o elmo para dar maior visão às lágrimas
Me disfaço da armadura da saudade
Atravesso o caminho, e a ponte levadiça cai
Junto com minhas últimas defesas.

Vejo que tudo esta igual desde o último ataque
O ataque que sofri de tuas mãos,
Ando até o palácio e avisto lá na torre,
Mesmo tão longe capturo o teu olhar.
Não há herói nenhum neste momento
Apenas um tolo com a espada na mão
Um instrumento de tirar vidas, que me ajudou a ceifar
A tua existência do meu brasão
Mas o corte não foi profundo e voltei à corte.
Cicatrizar a ferida é impossível mesmo com a luta,
Fiz uma epopéia escrita com sangue
Empunhei teu estandarte inconscientemente.

Diante da torre não vejo nenhuma princesa,
Não esperava te ver esperar na sacada
Não acredito em conto de fadas,
Mas creio no sorriso que observo
Deixo a espada cravada no chão,
Um guerreiro que não desistiu do amor,
Mas que não consegue conciliar-se com sua amada
Viro as costas e retomo a caminhada
Sem mais lutas, ganhei a guerra nesse instante
O brasão com teu nome gravado esta pulsante
Vi que ainda estou vivo apesar da morte que trago comigo
E senti em você o fim dos perigos
Mas ainda é cedo para sentar em teu trono
Adentrar em teu reino, ter este sentimento coroado
Faço uma reverência e sigo o destino
Esperando que ele não seja irremediável.

Deixo o reino dos sentimentos épicos
Nos quais não há nenhum heroísmo
Apenas a sensação do conflito, sombras de nada
Um beijo de despedida e adeus minha amada.

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