quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O Sentimento do Mudo

Sabe existia um mudinho. Pobre garoto sua voz era sem som e sua palavras não faziam eco e eram estéreis suas interjeições. Ele caminhava com seus passos também mudos sem chamar muita atenção mas fitava as pessoas olho a olho, se ele não falava ao menos acreditava que seus olhos falavam e eram escutados. Olhos que transbordavam versos, diálogos, parágrafos e textos interiros, mas que pena o garoto estava errado pois se ele era mudo os olhos ao seu redor eram surdos e não o escutavam, mas ele tinha todo o sentimento não do mundo mas apenas o seu, o sentimento do mudo que era mais eloqüente que o de muitos, era tagarela para falar a verdade e a todos fazia questão de dizer pena que os ouvintes não eram atentos eram mais fracos de sentido que o mudinho.

“E ele achava que era mesmo diferente que aquilo ali não era o seu lugar” mas não decidiu comprar passagem para ir a lugar algum. Encarava agora muito mais as pessoas agora por obrigação. O deficiente era ele e os outros que eram insensíveis. Ficar apenas nos seus recolhidos escritos não era o suficiente. E como havia de ser eis que surge uma garota e os dois se acham no mundo do sentimento mudo e eles acharam que era romance perfeito. As palavras que eram vácuas agora se ligavam umas as outras. Mas a garota não era igual a ele nem a ninguém era cega de nascença também trazia consigo uma deficiência. Como se entenderam então? Ela com certeza sentiu aquilo que explodia dentro dele o sentimento do mudo tão grande que cabia nele todo o mundo, ou simplesmente ele aprendeu braile e ela libras ou finalmente o narrador nenhum pouco onisciente não sabe de nada e nem se importa só sei que ficaram juntos. Os olhos falantes do mudo ficaram bem ao lado dos ouvidos sensíveis dela e esse caso de amor peculiar foi indo e eu não sei mais nada então.

Bons ouvidos para fracos olhos, olhos perfeitos para quem é fraco de tato, um bom tato para quem nada ouve. Ninguém é perfeito e eu muito menos e sabe eu e o mudo não ligamos para isso então deixe estar continuamos sentindo.

Ps.: Pedaço tirado de "Faroeste Caboclo"
Ps 2.: Depois da terceira acho que você pega o jeito vou ter que trocar o nome do blog, prosear é bom.

Dissertação Ébria

As asas de cera ficaram encostadas temporariamente, estão ali jogadas no canto culpa das férias fiz delas recesso pra quase tudo, mas sabe o céu de Ícaro não se pode abandonar por completo e nem assim desejo. Fitar a lua tão linda como estava hoje e não sentir nada pra mim é impossível. Pois bem o céu é azul o sol é quente e tudo fica igual como sempre, as coisas mudam, mas não com tanta freqüência nós Humanos somos, não diria a exceção, mas aquilo de mais mutável que se pode haver. E essa inconstância tão constante que nos pega facilmente é motor para voar, se prender estritamente a retilínea racionalidade ou as reacionárias oposições que nos cercam não consta muito em mim. Certo sou indeciso e tenho ciência disso, vôo com asas de cera sobre o mundo quando me convém. Às vezes a cera seca por estar perto do sol ou se molha na proximidade das águas. Subo demais e me perco ou me desligo como nesses últimos dias caio n’água.


“O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu”, concordo plenamente e acho um ótimo lugar para se estar de vez em quando ou de quando em sempre... É relativo. Espada na bainha, amor no papel, digressões como essas sem muito êxito por aí, ébria forma de se dispor as palavras. Bem sem promessas de ano novo me prometi não falar dele (é redundante) mas vou estar no céu nesse ano e em todos os outros. Acho que vou parar de planar como um urubu aproveitando a corrente de ar quente, esta aí uma metáfora boa ainda que inusitada de descrever como se faz para escrever. Sou um urubu com asas de cera voando na poesia do céu de Ícaro sendo levado pela corrente de ar que é a inspiração. Explicar metáfora é estranho mas tem primeira vez pra tudo tenham certeza que não os subestimo.


Dito isto me sinto com preguiça de continuar e acho que o céu de Ícaro voltará em outros textos, talvez quando eu pegar uma melhor corrente de ar. Por hora vou deixá-lo nublado e voltar para o solo encostar as asas de cera no canto do quarto ao lado da minha guitarra e só me deixar ser.

PS.: A frase entre aspas é da música “Tendo a Lua” de Paralamas música bem legal por sinal.
PS 2.: Me achei extremamente perdido nesse texto, mas prosear parece ser bom.